sábado, janeiro 31, 2009

Reitor da Universidade de Coimbra fala em "vontade política de estrangular o sistema"

O reitor da Universidade de Coimbra, Seabra Santos, afirmou hoje [dia 29] haver "vontade política de estrangular" o Ensino Superior quando as Universidades são "afogadas" com tentativas de reforma num "enquadramento financeiro incompreensivelmente difícil".

Ao intervir hoje [passado dia 29] numa sessão para fazer o balanço do primeiro ano da reforma de Bolonha na Universidade de Coimbra, o reitor afirmou que as instituições do Ensino Superior têm vindo a ser "afogadas em catadupa com tentativas de reformas, algumas delas já concretizadas", mas com "um enquadramento financeiro incompreensivelmente difícil".

"Não há outra explicação que a vontade política de estrangular o sistema. Não há outra razão plausível", considerou o também presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP).

No entendimento de Seabra Santos, as reformas deveriam ser acompanhadas por "envelopes financeiros, que as tornassem mais eficazes, como acontece noutros países". Segundo o reitor, só em Itália é que se verifica idêntico estrangulamento no investimento do Ensino Superior. Para Seabra Santos, o Ensino Superior [português] perdeu nos últimos quatro anos cerca de 30 por cento do financiamento do Orçamento de Estado.

"Podem inventar-se dotações. Podem sobrepor-se dotações. Podem-se considerar em duplicado e em triplicado dotações, mas esta é a realidade do financiamento do ensino superior. A redução reporta-se aos relatórios de Estado de 2004 a 2009. São números oficiais e que, infelizmente, se concretizam nas execuções ao longo do ano", explicou.

A transferência do Orçamento de Estado, adiantou, "foi reduzida significativamente em cerca de 150 a 200 milhões de euros entre 2005 e 2009. Se a esse valor se adicionar 110 milhões de prestações obrigatórias para a Caixa Geral de Aposentações chega aos 300 milhões de euros".

"Há-de haver um Governo que há-de olhar para este problema com outros olhos e perceber que assim não consegue desenvolver o país e a economia, e esta questão é particularmente crítica no momento que estamos a atravessar, da crise em que nos encontramos", sublinhou Seabra Santos. O reitor considerou ainda incoerente a política do Governo por investir em ciência e desinvestir no Ensino Superior, que na sua opinião sustenta o desenvolvimento científico.

"Reconheço que tem havido investimento em ciência, mas penso que aí até há alguma incoerência, porque todos compreendem que não pode haver um desenvolvimento do sistema científico quando, ao mesmo tempo, não se promove o desenvolvimento do sistema que lhe é sustentáculo, que é o ensino superior", declarou.

Ao falar para um auditório maioritariamente constituído por docentes, Seabra Santos lembrou que "os estudantes devem ser o centro das preocupações e devem ser servidos como tal".

As jornadas "Espaço Europeu de Ensino Superior - Ano 1", a decorrer durante o dia de hoje, pretendem debater os sucessos e insucessos da reforma de estudos com o Processo de Bolonha na Universidade de Coimbra, e avaliar as correcções que será necessário introduzir.

As questões pedagógicas, a internacionalização e os sistemas de gestão da qualidade pedagógica são alguns dos temas em debate, em que participam o reitor da Universidade, Seabra Santos, o novo presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), Jorge Serrote, diversos especialistas e responsáveis da instituição.

domingo, janeiro 11, 2009

Banqueiro Santos Silva eleito presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra

O banqueiro Artur Santos Silva foi ontem, dia 10, eleito presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra (UC).

O órgão que resulta da aplicação do Regime Jurídico das Instituições para o Ensino Superior (RJIES), integra ainda figuras como o antigo presidente da Assembleia da República, Almeida Santos, a deputada Maria de Belém Roseira, o empresário Gonçalo Quadros, a museóloga Simonetta Luz Afonso e o jornalista e advogado José Carlos de Vasconcelos.

Luís Almeida (director-adjunto do Departamento de I&D da Bial e responsável pela secção de investigação clínica), Rodrigo Costa (presidente da comissão executiva da ZON Multimédia), António Gomes de Pinho (presidente da Fundação de Serralves) e Luís Filipe Reis (administrador executivo da Sonaecom) completam o quadro de dez elementos externos.

Artur Santos Silva é o presidente do conselho de administração do Grupo BPI. Licenciado em Direito pela UC, foi docente na Faculdade de Direito entre 1963 e 1982.

A lista única foi aprovada por unanimidade na passada terça-feira, em reunião do Conselho Geral. O Conselho Geral da UC é constituído por 35 elementos, 18 professores e investigadores, dois funcionários, cinco estudantes e dez elementos externos. A este órgão compete a fixação da propina, a fusão ou extinção de faculdades, a passagem a fundações e a eleição do reitor.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Sistema de empréstimos do Estado já abrange mais de 4 mil estudantes

No último ano lectivo 3.339 alunos recorreram aos empréstimos a baixos juros para financiar os estudos. Actualmente, são já mais de 4 mil os que optaram por este sistema de financiamento. O presidente da Sociedade de Garantia Mútua adianta que os alunos que pedem empréstimos já tem “algumas posses”.
A actual situação conjuntural estará a pesar, para muitos alunos, na decisão de recorrerem aos empréstimos de baixos juros, diz José Figueiredo, presidente da Sociedade de Garantia Mútua à TSF.

Já são mais de quatro mil os alunos que beneficiam da linha de crédito do Estado. José Figueiredo adianta que muitos destes alunos têm “algumas posses”, mas precisam de um “capital adicional mensal para complementar a sua vida enquanto estudantes do Ensino Superior”.

São sobretudo os estudantes que acabaram de ingressar no Ensino Superior que recorrem ao sistema de empréstimos sem exigência de garantias e muitos destes ponderam em pedir uma verba adicional para tirar uma pós-graduação, adiantou o responsável, em declarações à TSF.

Recorde-se que este ano lectivo o Governo reforçou o fundo de garantia mútua e alargou a capacidade do sistema de empréstimos para o dobro, seis mil alunos. Quase a meio do ano escolar, já mais de quatro mil recorreram à linha de crédito do Estado, que conta com oito instituições bancárias aderentes.

Estudantes do Ensino Superior colocam vocação à frente da empregabilidade

É o primeiro estudo no país a avaliar o Ensino Superior português. A análise do Centro de Investigação de Políticas de Ensino Superior (CIPES), da Universidade do Porto, demorou três anos até estar concluída, mas os resultados trazem boas notícias. Os alunos inquiridos dão nota positiva às instituições e valorizam mais o curso do que as saídas profissionais.
Durante três anos – 2005 e 2008 – os investigadores do CIPES percorreram o país, de Norte a Sul, passando por várias instituições de Ensino Superior, públicas e privadas, para avaliar o grau de satisfação dos alunos.

Questões como “Estão satisfeitos com o Ensino Superior Nacional? Porque integraram o Ensino Superior? Porque optaram por determinada instituição?” foram colocadas a 11.639 mil estudantes do primeiro e último ano de cursos de licenciatura, o correspondente a 10% do total de alunos.

“Obter conhecimentos que permitam uma carreira aliciante” é o principal motivo que leva os estudantes a ingressar no Ensino Superior. A resposta é dada por mais de 40% dos inquiridos. Na decisão de candidatura, a obtenção de um grau académico teve também um grande peso. De acordo com o estudo, quase 70% dos estudantes entram na primeira opção.

A escolha da instituição que frequentam recai na “boa reputação académica” do estabelecimento (56,5%) – de salientar que a opção foi sobretudo escolhida por alunos do ensino privado. Nesta questão, a resposta “Por ser a melhor para o curso que eu queria” está em segundo lugar com 45,8%. A escolha, no caso dos estudantes dos politécnicos, é diferente: “Era perto da residência habitual”, disse a maioria.

Através deste estudo é ainda possível perceber que para os estudantes, de entre os vários aspectos académicos, a “qualidade do ensino” ocupa o topo das prioridades. Os alunos afirmam mesmo que o curso em que se encontram é mais importante do que “a empregabilidade”, “a instituição” ou “o prestígio social” da área.

Maioria não mudava de curso

Os índices de desemprego são elevados e afectam todos os cursos e instituições. No entanto, os estudantes parecem pouco preocupados com a situação do mercado de trabalho e mais de 80% admite que se tivesse oportunidade não mudaria de curso. O estudo efectuado pelo CIPES revela que a grande maioria dos alunos está satisfeita com o curso escolhido e dá nota positiva aos estabelecimentos de ensino.

Quase 84% dos entrevistados afirmam que voltaria a candidatar-se à mesma instituição e mais de 85% aconselhariam a instituição a outras pessoas. A imagem da entidade pesa nas respostas, considerada em termos globais positiva.

Pais são o principal suporte financeiro

Quase 80% dos estudantes confirma que o orçamento famíliar é o principal recurso financeiro. As bolsas de estudo surgem na segunda posição, com 25,8%. Muito aquém ficam os empréstimos bancários, que se encontram no último lugar. A percentagem de alunos que afirma recorrer a esta opção não chega a 1%. No entanto, mais de metade considera suficiente os montantes disponibilizados.

Pela primeira vez, em Portugal, são os estudantes a dar uma nota ao Ensino Superior nacional

No estudo “Avaliação Nacional de Satisfação dos Estudantes de Ensino Superior” foram examinados vários aspectos referentes à academia. É objectivo do estudo permitir às universidades e politécnicos realizar as alterações necessárias quer nas condições, quer nas experiências proporcionadas a actuais e futuros estudantes, de acordo com as conclusões obtidas. A grande meta do estudo é contribuir para a melhoria da qualidade do Ensino Superior em Portugal.

O projecto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Os resultados vão ser apresentados esta sexta-feira na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.