quarta-feira, julho 12, 2006

AAC acusa Governo de "falta de rumo" no Superior

A Associação Académica de Coimbra (AAC) acusou hoje o Governo de "falta de rumo para qualificar os portugueses", numa carta aberta sobre a situação do Ensino Superior em Portugal.

Num documento de dez páginas, a AAC faz um balanço negativo do primeiro ano lectivo completo do actual Governo, ao analisar todos os sectores fundamentais do Ensino Superior, desde a Acção Social escolar, financiamento, sistema de avaliação, participação juvenil, Processo de Bolonha e regime de transição e equivalência, passando pelas práticas pedagógicas, mobilidade e empregabilidade.

"É uma carta muito extensa porque as preocupações são muitas e existem situações gravíssimas. Continuamos sem perceber o rumo que o Governo quer para qualificar os portugueses", afirmou o presidente da AAC, Fernando Gonçalves.

Quanto à Acção Social escolar, o líder estudantil acusou o Executivo de José Sócrates de introduzir "mecanismos deficitários" que não abrangem todos os estudantes carenciados e de apostar na privatização do sector. "Anualmente muitos [estudantes] abandonam o ensino por dificuldades económicas e outros têm que ter uma vida paralela de trabalhador-estudante, o que dificulta fortemente a sua progressão nos estudos. Só este ano estima-se que cerca de mil alunos tenham deixado a Universidade de Coimbra", lê-se no documento hoje divulgado.

Quanto ao Processo de Bolonha, o presidente da AAC classificou-o como "um caos completo", acusando algumas faculdades da Universidade de Coimbra de efectuarem as reestruturações curriculares sem discussão entre docentes e alunos e sem consenso entre os seus órgãos de gestão.

Na carta aberta os estudantes consideram ainda "inaceitável a decisão do Conselho de Ministros em não financiar cursos com menos de 20 alunos matriculados já a partir do próximo ano lectivo".

Segundo o documento, "cursos estruturantes de diversas licenciaturas da Universidade de Coimbra, como Física, Química e Matemática poderão perder o financiamento e, por conseguinte, ter de encerrar, reduzindo assim a oferta pública". "Estes cursos são fundamentais para a área da investigação na Universidade", sublinhou o líder estudantil, criticando a "lógica financeira e economicista do Governo".

PUBLICO.PT
Lusa

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