O insucesso escolar afecta entre 20 e 40 por cento dos alunos do 1º ao 3º ciclo, mas, segundo o neuropsicólogo Nelson Lima, do Instituto da Inteligência, destes «apenas 5 a 15 por cento revelam alguma forma de incapacidade devida a pequenos défices e transtornos neurológicos como é o caso da dificuldade de concentração e da dislexia».
De acordo com os vários estudos que o Instituto da Inteligência tem desenvolvido nos últimos 8 anos, «a maioria dos alunos com insucesso académico revela o mesmo potencial de aprendizagem que os demais sendo a sua inteligência considerada normal e, muitas vezes, acima da média».
Por isso, Nelson Lima não tem dúvidas de que o problema está também na forma como está estruturada a educação em Portugal, que valoriza «a utilização intensiva da memória», em detrimento «da aplicação criteriosa e criativa do pensamento e da inteligência». «A maioria dos programas escolares são excessivos, ambiciosos e provocam mais ignorância do que sabedoria ao promoverem o desinteresse e premiarem as cábulas», afirma o especialista.
Para o investigador, um sistema de ensino «excessivamente burocratizado», com «carências, atrasos e erros estruturais», um modelo de ensino «obsoleto e limitado na sua capacidade de resposta perante os novos desafios» e a «a incapacidade para compreender a diversidade de factores pessoais que estão implicados nas aprendizagens», estão a exigir que sejam os alunos «a adaptar-se às exigências académicas». O que, segundo Nelson Lima, causa problemas como a «falta de motivação, de interesse e de objectivos de crescimento pessoal».
Portanto, o ideal será que a escola crie «condições para que cada aluno retire o máximo do seu potencial de aprendizagem», pois, «apesar de os professores reconhecerem que cada aluno apresenta um conjunto de características únicas, há, por parte da escola, uma enorme dificuldade em responder aos diferentes «estilos de pessoas» que enchem as salas de aula», diz o especialista.
Nelson Lima considera que «neste capítulo, o sistema académico actual capitulou perante o insucesso escolar» e avisa que «não é com medidas meramente administrativas e avulsas que os problemas se resolverão mas com uma transformação substancial e radical do modelo e dos métodos de ensino».
Portugal Diário
terça-feira, julho 25, 2006
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