Opinião de Koïchiro Matsuura, director-geral da UNESCO [entidade da Organização das Nações Unidas (ONU) para a Educação, Ciência e Cultura].
As nações do mundo têm de investir seriamente na educação, na pesquisa (...) e na promoção das sociedades do saber. O que está em causa é o destino de todos os países, uma vez que as nações que não investirem suficientemente no conhecimento e educação e na ciência de qualidade põem em perigo o seu próprio futuro e ficam sem poder cerebral vital.
Quais são as soluções práticas propostas no relatório Rumo às Sociedades do Conhecimento?
Eis alguns exemplos: investir mais em educação de qualidade para todos para assegurar a igualdade de oportunidades. Os países devem destinar uma parte substancial do PIB à educação; os governos, o sector privado e parceiros sociais devem introduzir progressivamente um "direito a tempo de estudo", concedendo ao cidadão o direito a um certo número de anos de educação após completar a escolaridade obrigatória; enquanto o investimento crescente em pesquisa científica e na pesquisa de qualidade conduziu a desafios futuros, existe também a necessidade de promover aproximações práticas e inovadoras à partilha do conhecimento.
Há também uma necessidade de promover a diversidade linguística nas novas sociedades do conhecimento e passar a valorizar o conhecimento local e tradicional. Mas poderá o [hemisfério] Sul sustentar sociedades do conhecimento? Não serão elas um luxo reservado ao [hemisfério] Norte? Poderíamos, claro, responder parafraseando [Abraham] Lincoln: "Se [os governantes] acham que o [custo do] conhecimento é caro, experimentem [o custo d]a ignorância!" Não deveríamos tirar uma lição do sucesso de muitos países no mundo? Alguns [países] investiram fortemente ao longo de várias décadas na educação e na pesquisa científica e tiveram êxito na redução da pobreza absoluta.
Poder-se-á dizer que um mundo que dedica actualmente mil milhões de dólares/ano a gastos militares não dispõe dos meios para promover sociedades de conhecimento para todos?
Fundos substanciais para a educação e o saber poderiam também ser libertados por políticas de reforma corajosas destinadas a reduzir as despesas não produtivas, a melhorar a eficiência dos serviços públicos, modernizando a burocracia, eliminando subsídios ineficazes e combatendo a corrupção. Para responder ao desafio de um mundo profundamente dividido por disparidades de todos os tipos e para lidar com a contradição entre a natureza global dos problemas e a repartição do conhecimento, não há alternativa à sua partilha. Parafraseando um provérbio africano, o conhecimento é como o amor - é a única coisa que cresce ao ser partilhada.
segunda-feira, julho 10, 2006
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