A praxe académica é justificada por quem a pratica «por ser tradição», uma tradição tão nobre como a escravatura, matar judeus ou o bombardeamento nuclear. Na mente dos velhacos pode-se fazer tudo em nome da tradição!
Na verdade a praxe em Portugal apenas é praticada há décadas na Universidade de Coimbra, tendo sido interrompida na sequência da Revolução de Maio de 68 e só então retomada nos anos 80 por indivíduos matriculados em Universidades de todo o país. Foi o desvanecer dos ideais de Abril e a consagração de uma ditadura mascarada de democracia.
As torturas do passado, incluindo as da PIDE, durante o Estado Novo, são continuadas nos dias de hoje, dentro das Universidades, não raras vezes com a cumplicidade suja das Reitorias.
Os indivíduos que estão ligados à praxe, os que se dizem "Doutores ou Veteranos" são Doutores de coisa nenhuma. Na verdade muitos deles estão há vários anos matriculados na Universidade, a desperdiçar vagas e recursos, num sistema de acesso já de si corrupto e injusto.
Com cumplicidade institucional alguns estudantes universitários cometem crimes no interior das escolas e permanecem incólumes.
Defendemos que as Universidades devem ser espaços abertos que promovam a liberdade e que permitam o livre pensamento.
Não vamos permitir que se continue a ensinar e praticar actos de xenofobia, actos de violência, a coerção, o uso abusivo e indiscriminado de drogas, a humilhação, a afronta à dignidade, a afronta aos direitos da mulher, à igualdade e à tolerância pelas crenças alheias.
Os Reitores das Universidades são responsáveis e devem ser responsabilizados pela cooperação na prática de verdadeiros atentados à democracia e à liberdade, quando ano após ano, os novos alunos continuam a ser humilhados e abusados pelos seus colegas mais velhos com ofensas, psicológicas e corporais, por vezes de inspiração fascista e nazi fazendo crer que estas estão de acordo com a legislação em vigor.
Os Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior devem também ser responsabilizados, por compactuar com estas práticas inconstitucionais e que violam os mais básicos direitos humanos.
Deve o Ministério da Educação em conjunto com o Ministério da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, com carácter de urgência, realizar Acções de Formação de carácter pedagógico, de frequência obrigatória por todos os funcionários das Escolas e Universidades portuguesas, para que estes cumpram o dever cívico de identificar e denunciar os abusos e contribuam para uma mais eficaz eliminação das praxes.
Lisboa, 30 de Julho de 2006,
Comissão Nacional do Movimento Estudantil de Luta pela Liberdade na Educação [MELLE].
IndyMedia Portugal
domingo, agosto 20, 2006
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