quinta-feira, setembro 28, 2006

Estudantes de Coimbra protestam fora do Senado contra a aplicação do Processo de Bolonha

Cerca de meia centena de estudantes manifestaram-se ontem à tarde junto à Porta Férrea da Universidade de Coimbra [UC], onde decorria uma reunião do Senado universitário, protestando contra a aplicação do Processo de Bolonha.
Entoando palavras de ordem como "É tudo uma vergonha / Propinas e Bolonha" e "Senado escuta / Os estudantes estão em luta", os jovens concentraram-se junto ao acesso à Universidade, onde os senadores se encontravam reunidos para debater, entre outros assuntos, a aplicação deste processo na instituição.
A realização da concentração pacífica foi aprovada numa Assembleia Magna da Academia realizada no início da semana, estando marcado novo encontro dos estudantes para a próxima segunda-feira, disse aos jornalistas Nuno Sequeira, vice-presidente da direcção-geral da Associação Académica de Coimbra (AAC).
Segundo este dirigente, questões como o "numerus clausus", a Acção Social no segundo ciclo e a "elitização do Ensino Superior preocupam os estudantes e a AAC".
"Temos muitas reticências relativamente a Bolonha, porque o processo abre caminho à privatização do Ensino Superior, com o aumento de propinas no segundo ciclo e o défice de formação no primeiro ciclo", sustentou o estudante de Engenharia Biomédica João Reis, autor da moção que propunha a realização da concentração.
Faixas e cartazes estendidos no pavimento exibiam dizeres como "Nem fábrica de precários nem escola de elites / Bolonha não!" e "Bolonha? / Aqui não".
A reunião de ontem do Senado da Universidade de Coimbra foi a primeira deste ano lectivo, tendo sido antecipada (deveria ocorrer apenas no próximo dia 4), já que, em Outubro, os senadores deverão realizar quatro encontros de carácter extraordinário para aprovar a reestruturação dos cursos de acordo com o figurino [da Declaração] de Bolonha.
A vice-reitora da UC Cristina Robalo Cordeiro, que dialogou com os manifestantes antes de entrar para a reunião, refutou a crítica de falta de informação prestada aos estudantes, frisando que os alunos têm sido ouvidos na preparação deste processo.
"Criámos comissões em todas as faculdades e grupos. Os estudantes têm sido ouvidos nos órgãos próprios e até aos conselhos científicos, onde não estão representados, foram chamados", adiantou aos jornalistas a responsável pelo Processo de Bolonha na reitoria [da UC].
Ao longo [do mês] de Outubro o Senado [da UC] deverá aprovar os planos de estudos de cerca de 60 cursos reestruturados, cujas propostas terão de ser entregues, até Novembro, à Direcção-Geral do Ensino Superior.
Na UC, foram já adaptadas às regras do Processo de Bolonha as licenciaturas de Psicologia e de Engenharia Informática.

Fonte: RTP Informação.

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