sábado, outubro 21, 2006

"Bolonha" pode acabar com praxes em Aveiro

A Universidade de Aveiro [UA] quer alterar o regulamento das praxes académicas e admite mesmo por fim a esta celebração que marca o início do ano académico, por [tal] não ser compatível com as mudanças trazidas por Bolonha, que implicam um maior grau de exigência.
Um incidente que envolveu uma aluna durante as cerimónias de praxe académica na Universidade de Aveiro, fez com que a questão do fim da praxe, na referida Universidade, se levantasse.
O Vice-Reitor da Universidade de Aveiro, António Ferrari, disse à Renascença ser necessário "alterar" o Código da Praxe e não exclui o fim do ritual [na UA]: "o Senado vai ponderar todos os cenários". Nessas declarações à Renascença, António Ferrari questiona, ainda, "se a praxe é ou não compatível com as mudanças trazidas por Bolonha", que implicam um maior grau de exigência [aos estudantes].

Notícia integral na Rádio Renascença.

5 comentários:

Unknown disse...

Oportunidade única.
Era porreiro que a malta de Aveiro se mobilizasse e pressionasse a Reitoria a proibir qualquer tipo de praxes no recinto da Universidade.
Seria uma semente. O resto do país vem de seguida.

Abraço.
Força.

Nelson Fraga disse...

No passado dia 19 [ou seja, anteriormente à notícia da Rádio Renascença transcrita neste "post"], o Jornal de Notícias titulava que a «Reitoria [de Aveiro] proíbe praxe no "campus" Universitário», como consequência directa dos excessos cometidos por alguns "doutores". No dia 21, o Público noticia que a «Universidade de Aveiro suspende praxes», tendo sido ordenada a suspensão das cerimónias da praxe académica, sendo que a reitora Helena Nazaré pretende alterar o regulamento das praxes e pondera mesmo por-lhes fim definitivamente na sua Universidade [de Aveiro].
Fico sem perceber se as praxes em Aveiro foram apenas suspensas provisória e momentaneamente ou proibidas de forma efectiva e definitiva... parece-me que será mais a primeira hipótese.

Nelson Fraga disse...

Através de um email dum@ amig@ soube que a praxe também foi suspensa na sua faculdade [de Economia e Gestão da Universidade Católica, pólo do Porto], devido a o Conselho de Veteranos ter construído um site [actualmente inacessível] que continha montagens pornográficas com caloir@s e doutor@s em que se usava o simbolo da [Universidade] Católica. Quando um@ d@s visad@s foi ao Conselho [de Veteranos] reclamar e pedir a retirada das montagens da internet, o Conselho riu-se na cara del@ e el@ foi à Direcção [da Faculdade] reclamar. Resultado? Um comunicado da Direcção a probir qualquer actividade praxística no recinto, e para além disso existe a possibilidade da praxe ser extinta pelos próprios órgãos que dominam a academia do Porto. Por lá [na Universidade Católica, pólo do Porto] anda tudo um reboliço muito giro em relação a este assunto [das praxes].

Nelson Fraga disse...

De um artigo d' As Beiras [datado do início deste mês] podem ser retiradas algumas delirantes "pérolas" quanto ao assunto das praxes [mormente do "farol da tradição praxística-académica" que é Coimbra], constatem-se:

«Os caloiros que desrespeitem a praxe podem levar colheradas nas unhas ou ver o cabelo rapado, normas do mais antigo Código da Praxe, criado em nome da Academia.»;

«De acordo com o Código [da Praxe], um caloiro não pode, por exemplo, andar na rua depois da meia–noite, uma infracção que pode ser sancionada com penalizações como o corte do cabelo.
Cabe às trupes, estudantes trajados a rigor e muitas vezes encapuzados com a batina negra, percorrer as ruelas da cidade de Coimbra à caça de alunos “hierarquicamente inferiores” que estejam a infringir as normas definidas pelo Conselho de Veteranos da Universidade [de Coimbra].»;

«Segundo o Código da Praxe, todos os elementos da trupe podem dar tesouradas ou colheradas, estando apenas estabelecido que “os veteranos podem dar o número de colheradas que quiserem, mas sempre em número impar”. As colheradas ou sanção de unhas - açoite aplicado nas unhas com a “colher da praxe” ou um sapato do próprio infractor - são a segunda sanção referida no Código da Praxe.»;

«Caso um estudante se recuse a receber a punição definida, o chefe de trupe pode pedir aos outros elementos “a imobilização do infractor no sentido de a aplicar”, define o artigo 139º do novo Código [da Praxe].»;

«“Às vezes há comportamentos um bocado exagerados das pessoas e se os quisermos responsabilizar é quase impossível”, reconheceu o Dux (representante máximo do Conselho de Veteranos) da Universidade [de Coimbra], João Luís Jesus. Não poder circular na rua a partir de determinada hora são “reminiscências do tempo da Polícia Académica” que permaneceram [após o fim da ditadura fascista], mas o “controlo” começa a desaparecer, já que “há cada vez menos trupes”, lamentou aquele estudante da Universidade de Coimbra.»;

«Hoje, os caloiros continuam a poder ser “mobilizados e gozados”, de acordo com o Código da Praxe, mas cabe à imaginação de cada “doutor” pôr em prática estas regras destinadas a integrar os mais novos na mais velha instituição de ensino do país.
Entre as possíveis “mobilizações”, encontram–se os “trabalhos domésticos” em casa dos doutores. Lavar as escadas monumentais ou a calçada portuguesa com uma escova de dentes ou medir a Ponte de Santa Clara com um palito são outras das praxes mais clássicas que continuam na moda.
Segundo o Dux João Luís, “a essência da praxe é que todos se divirtam”.».

Nelson Fraga disse...

Porque ainda há quem ache graça à praxe...

Maçã com Bicho (acho eu da praxe) [letra de Sérgio Godinho]

O tempo passa
e lembras com saudade
o saudoso tempo da Universidade
foste caloiro
e quintanista
já comes caviar
esquece o alpista.

P'ra entrar na Universidade
é preciso
prender o humor
na gaiola do riso
ter médias altas
hi-hon, ão-ão
zurrar ladrar
lamber de quatro o chão.

Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe.

Chamar-se a si mesmo
besta anormal
dá sempre atenuante ao tribunal
é formativo
p'ró estudante
que não quer ser propriamente
um ignorante.

Empurrar fósforos com o nariz
tirar à estupidez a bissectriz
eis causas nobres
estruturantes
eis tradição
sem ser o que era dantes.

Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Maçã com bicho
acho eu da praxe.

Não vou usar
mais exemplos concretos
é rastejando
que se ascende aos tectos?
Então vejamos
preto no branco
as cores da razão
porque a praxe eu desanco.

Mas há quem ache
graça à praxe
É divertida (Hi-hon)
Lição de vida (Ão-ão)
Maçã com bicho
acho eu da praxe
É divertida (Mé-mé)
Lição de vida (Piu-piu)
Mação com bicho
acho eu da praxe.