segunda-feira, outubro 30, 2006

"Primeiro implementa-se, depois é que se discute" Seminário Nacional sobre o Processo de Bolonha - Dia 25 de Outubro na Universidade do Minho

No dia 25 de Outubro, realizou-se na Universidade do Minho, o «Seminário Nacional sobre o Processo de Bolonha», organizado pelo Departamento Pedagógico da Associação Académica da Universidade do Minho. Um exercício de pseudo-democracia para dar entender que "Bolonha" até está a ser discutido. Primeiro implementa-se, depois é que se discute. Estava prevista a presença do Ministro [da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior] Mariano Gago, que no entanto não apareceu, um sinal da própria vontade dos governantes em acompanharem "in loco" o processo de transição provocado por "Bolonha".
Sumária e sinteticamente todos os convidados presentes [no Seminário] concordaram que "[o processo de] Bolonha" é uma decisão das estruturas económico-políticas e que tudo o que se pensava que tal reestruturação viria a trazer de bom [para o Ensino Superior], é pura ilusão. "È uma oportunidade perdida" clama[ra]m em uníssono os ilustres oradores [no Seminário]. No entanto, ninguém declama um pensamento de retrocesso - não houve [uma única] voz que disse-se: "É preciso travar [o Processo de] Bolonha!". Pelo contrário, a ideia que prevaleceu, insistiu na retórica de que "se vai apenas tentar minimizar [os] estragos provocados pela implementação [do processo] de Bolonha" e de que é preciso lidar com a [presente] situação como que não haja [nenhuma outra] alternativa possível.
Desde logo, todo o Seminário se pautou por um discurso muito técnico e histórico que não trouxe respostas, mas se calhar dava uma boa aula de Introdução de "dizer-nada-a-falar-muito". Quando [foi] perguntado aos oradores [do Seminário] sobre os cortes no financiamento [do Estado às instituições de Ensino Superior], ou sobre a sobrecarga de horários que se verifica nos cursos já "à Bolonhesa" na Universidade do Minho, todos [os oradores interpelados] se descartaram, chutando para canto com o velho refrão cantarolado: "isso é uma outra discussão que terá de ficar para outra altura". Nem os próprios representantes dos Sindicatos que oraram foram capazes também de responder às questões lançadas pela plateia.
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Se os oradores [do Seminário] não deram respostas, o movimento AGIR estava presente para clarificar todos os pontos necessários. Relembraram o que se está a passar neste momento na Universidade do Minho, por exemplo, os alunos de Sociologia perderam créditos de cadeiras já feitas e estiveram um mês sem aulas devido à confusão generalizada, os alunos de Direito estão a sofrer uma sobrecarga de horário brutal e já houve professores que foram despedidos (segundo a pró-reitora Irene Montenegro, isso não é verdade, o que acontece é que [esses professores] estão apenas a ser convidados a rescindir[em os seus] contratos). Mas o mais importante foi relembrar que "Bolonha" é um processo que visa facilitar a privatização do Ensino Superior, prosseguindo a estratégia mercantilizadora dos serviços públicos como acontece nos Estados Unidos [da América]; favorecer as instituições e economias dos principais centros económico-financeiros europeus; elitizar o acesso aos mais elevados graus de ensino, reproduzindo e acentuando (através da desigual distribuição de conhecimento entre os que podem pagar [pelos estudos] e os que não o podem fazer) as graves desigualdades sociais; criar trabalhadores mais baratos, aumentar a exploração, sendo a aquisição do conhecimento responsabilidade do trabalhador e não um direito de todos.

Sobre este «Seminário Nacional sobre o Processo de Bolonha» pode ler-se uma notícia do «Correio do Minho».

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