No dia 25 de Outubro, realizou-se na Universidade do Minho, o «Seminário Nacional sobre o Processo de Bolonha», organizado pelo Departamento Pedagógico da Associação Académica da Universidade do Minho. Um exercício de pseudo-democracia para dar entender que "Bolonha" até está a ser discutido. Primeiro implementa-se, depois é que se discute. Estava prevista a presença do Ministro [da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior] Mariano Gago, que no entanto não apareceu, um sinal da própria vontade dos governantes em acompanharem "in loco" o processo de transição provocado por "Bolonha".Sumária e sinteticamente todos os convidados presentes [no Seminário] concordaram que "[o processo de] Bolonha" é uma decisão das estruturas económico-políticas e que tudo o que se pensava que tal reestruturação viria a trazer de bom [para o Ensino Superior], é pura ilusão. "È uma oportunidade perdida" clama[ra]m em uníssono os ilustres oradores [no Seminário]. No entanto, ninguém declama um pensamento de retrocesso - não houve [uma única] voz que disse-se: "É preciso travar [o Processo de] Bolonha!". Pelo contrário, a ideia que prevaleceu, insistiu na retórica de que "se vai apenas tentar minimizar [os] estragos provocados pela implementação [do processo] de Bolonha" e de que é preciso lidar com a [presente] situação como que não haja [nenhuma outra] alternativa possível.
Desde logo, todo o Seminário se pautou por um discurso muito técnico e histórico que não trouxe respostas, mas se calhar dava uma boa aula de Introdução de "dizer-nada-a-falar-muito". Quando [foi] perguntado aos oradores [do Seminário] sobre os cortes no financiamento [do Estado às instituições de Ensino Superior], ou sobre a sobrecarga de horários que se verifica nos cursos já "à Bolonhesa" na Universidade do Minho, todos [os oradores interpelados] se descartaram, chutando para canto com o velho refrão cantarolado: "isso é uma outra discussão que terá de ficar para outra altura". Nem os próprios representantes dos Sindicatos que oraram foram capazes também de responder às questões lançadas pela plateia.
Se os oradores [do Seminário] não deram respostas, o movimento AGIR estava presente para clarificar todos os pontos necessários. Relembraram o que se está a passar neste momento na Universidade do Minho, por exemplo, os alunos de Sociologia perderam créditos de cadeiras já feitas e estiveram um mês sem aulas devido à confusão generalizada, os alunos de Direito estão a sofrer uma sobrecarga de horário brutal e já houve professores que foram despedidos (segundo a pró-reitora Irene Montenegro, isso não é verdade, o que acontece é que [esses professores] estão apenas a ser convidados a rescindir[em os seus] contratos). Mas o mais importante foi relembrar que "Bolonha" é um processo que visa facilitar a privatização do Ensino Superior, prosseguindo a estratégia mercantilizadora dos serviços públicos como acontece nos Estados Unidos [da América]; favorecer as instituições e economias dos principais centros económico-financeiros europeus; elitizar o acesso aos mais elevados graus de ensino, reproduzindo e acentuando (através da desigual distribuição de conhecimento entre os que podem pagar [pelos estudos] e os que não o podem fazer) as graves desigualdades sociais; criar trabalhadores mais baratos, aumentar a exploração, sendo a aquisição do conhecimento responsabilidade do trabalhador e não um direito de todos.
Sobre este «Seminário Nacional sobre o Processo de Bolonha» pode ler-se uma notícia do «Correio do Minho».
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