Os custos das propinas a pagar para frequentar os quatros anos de formação necessários para exercer a profissão de economista vão disparar. O presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), João Sentieiro, confirmou ao «Diário Económico» que “as bolsas para dissertação de mestrado não estão actualmente a concurso”. A aplicação do processo de Bolonha “veio tornar a atribuição de bolsas para a dissertação de mestrado, que já era excepcional, ainda mais excepcional”.
Diminuem os apoios e os estudantes passam a pagar mais. Feitas as contas, os alunos terão que desembolsar mais do dobro das propinas no 4º ano, para conseguir obter os 240 créditos necessários para se poderem inscrever na Ordem dos Economistas.
Para já, o Conselho de Profissão da Ordem [dos Economistas] emitiu “uma recomendação que exige os 240 créditos (o que corresponde a quatro anos de formação) como valor mínimo de formação superior”, revela ao «Diário Económico» Nuno Valério da Direcção da Ordem [dos Economistas]. Como a licenciatura foi encurtada para três anos, com a aplicação do Processo de Bolonha, os estudantes terão que frequentar mais um ano para exercerem a profissão. Neste 4º ano terão que desembolsar mais do dobro da propina média cobrada nos primeiros três anos do curso.
O ministro da Ciência e Ensino Superior garantiu que iria definir os mestrados em que as propinas não poderiam aumentar por serem necessários à empregabilidade dos diplomados. Mas até agora Mariano Gago não deu qualquer informação às escolas. Como as escolas tinham que abrir as candidaturas para estes graus, optaram por fixar livremente o valor.
O próximo ano vai ser o ano de todas as incertezas, com a generalização dos novos graus académicos. As escolas esperam uma redução do número de alunos a frequentar o 4º ano. Para minorar o impacto desta quebra das inscrições, as escolas estão a tentar que as instituições bancárias criem sistemas de financiamento para que os alunos possam responder a estes novos custos acrescidos. Para além de apelarem a uma intervenção do Ministério [da Ciência e Ensino Superior]. “Espero que haja bom senso do Governo para criar mecanismos de financiamento e apoio aos estudantes”, refere António Mendonça, presidente do Conselho Directivo do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG). Neste escola, a propina do 4º ano passou para dois mil euros, o dobro do valor cobrado nos três anos de licenciatura. Se completarem este quarto ano, os alunos passam a ter um diploma especializado que responde às exigências da Ordem dos Economistas, sublinha.
Um modelo que poderá ser generalizado. O futuro poderá passar “por uma formação de três anos de licenciatura a que se seguirá uma formação especializada que atinja os 240 créditos”, prevê Nuno Valério, responsável pela reflexão da Ordem dos Economistas sobre a nova estrutura de graus.
Mas a acusação de que a agenda secreta do Processo de Bolonha seria a de reduzir o investimento dos Governos no Ensino Superior parece confirmar-se. Com o novo sistema, “os alunos têm que pagar o dobro das propinas para frequentar o mestrado e obter na prática os conhecimentos que se adquiriram na antiga licenciatura”, refere Raquel Varela, da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC).
As intenções e a realidade no financiamento do 2º ciclo [de Bolonha]
1 - Intenção de baixar propinas de mestrado
O ministro da Ciência revelou em Abril do ano passado que pretendia baixar as propinas nos mestrados, “que passem a fazer parte da formação integral obrigatória de certas formações” para o valor das licenciaturas.
2 - Promessas de reforçar verbas para 2º ciclo
Mariano Gago, revelava ainda a intenção de “aumentar o financiamento do 2º ciclo de formação de forma a garantir um dos principais objectivos de Bolonha que é aumentar a percentagem de alunos que completa o mestrado”.
3 - Mestrados para empregabilidade mais baratos
Nos casos dos mestrados necessários à empregabilidade, as propinas serão fixadas pelas instituições, não podendo exceder a percentagem de 15% a 20% do custo por aluno, prometeu o ministro.
4 - Ministro promete anunciar os que serão financiados
Mariano Gago revela que irá anunciar a lista dos mestrados que terão custo controlado. Nesta lista estão os 2º ciclos, mestrados, cuja frequência seja considerada necessária para o exercício de um profissão.
5 - Silêncio do Governo leva escolas a fixar o valor
Face ao silêncio do Governo, as escolas optam por fixar livremente o valor das propinas de mestrados, já que o tempo útil para os prazos de candidaturas estava a chegar ao fim. Caso não o fizessem poderia não haver mestrados em 2007/08.
terça-feira, junho 12, 2007
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