quinta-feira, janeiro 08, 2009

Estudantes do Ensino Superior colocam vocação à frente da empregabilidade

É o primeiro estudo no país a avaliar o Ensino Superior português. A análise do Centro de Investigação de Políticas de Ensino Superior (CIPES), da Universidade do Porto, demorou três anos até estar concluída, mas os resultados trazem boas notícias. Os alunos inquiridos dão nota positiva às instituições e valorizam mais o curso do que as saídas profissionais.
Durante três anos – 2005 e 2008 – os investigadores do CIPES percorreram o país, de Norte a Sul, passando por várias instituições de Ensino Superior, públicas e privadas, para avaliar o grau de satisfação dos alunos.

Questões como “Estão satisfeitos com o Ensino Superior Nacional? Porque integraram o Ensino Superior? Porque optaram por determinada instituição?” foram colocadas a 11.639 mil estudantes do primeiro e último ano de cursos de licenciatura, o correspondente a 10% do total de alunos.

“Obter conhecimentos que permitam uma carreira aliciante” é o principal motivo que leva os estudantes a ingressar no Ensino Superior. A resposta é dada por mais de 40% dos inquiridos. Na decisão de candidatura, a obtenção de um grau académico teve também um grande peso. De acordo com o estudo, quase 70% dos estudantes entram na primeira opção.

A escolha da instituição que frequentam recai na “boa reputação académica” do estabelecimento (56,5%) – de salientar que a opção foi sobretudo escolhida por alunos do ensino privado. Nesta questão, a resposta “Por ser a melhor para o curso que eu queria” está em segundo lugar com 45,8%. A escolha, no caso dos estudantes dos politécnicos, é diferente: “Era perto da residência habitual”, disse a maioria.

Através deste estudo é ainda possível perceber que para os estudantes, de entre os vários aspectos académicos, a “qualidade do ensino” ocupa o topo das prioridades. Os alunos afirmam mesmo que o curso em que se encontram é mais importante do que “a empregabilidade”, “a instituição” ou “o prestígio social” da área.

Maioria não mudava de curso

Os índices de desemprego são elevados e afectam todos os cursos e instituições. No entanto, os estudantes parecem pouco preocupados com a situação do mercado de trabalho e mais de 80% admite que se tivesse oportunidade não mudaria de curso. O estudo efectuado pelo CIPES revela que a grande maioria dos alunos está satisfeita com o curso escolhido e dá nota positiva aos estabelecimentos de ensino.

Quase 84% dos entrevistados afirmam que voltaria a candidatar-se à mesma instituição e mais de 85% aconselhariam a instituição a outras pessoas. A imagem da entidade pesa nas respostas, considerada em termos globais positiva.

Pais são o principal suporte financeiro

Quase 80% dos estudantes confirma que o orçamento famíliar é o principal recurso financeiro. As bolsas de estudo surgem na segunda posição, com 25,8%. Muito aquém ficam os empréstimos bancários, que se encontram no último lugar. A percentagem de alunos que afirma recorrer a esta opção não chega a 1%. No entanto, mais de metade considera suficiente os montantes disponibilizados.

Pela primeira vez, em Portugal, são os estudantes a dar uma nota ao Ensino Superior nacional

No estudo “Avaliação Nacional de Satisfação dos Estudantes de Ensino Superior” foram examinados vários aspectos referentes à academia. É objectivo do estudo permitir às universidades e politécnicos realizar as alterações necessárias quer nas condições, quer nas experiências proporcionadas a actuais e futuros estudantes, de acordo com as conclusões obtidas. A grande meta do estudo é contribuir para a melhoria da qualidade do Ensino Superior em Portugal.

O projecto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Os resultados vão ser apresentados esta sexta-feira na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

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