terça-feira, agosto 28, 2007

Bancos têm melhor crédito que o Governo

A proposta do Governo para crédito universitário não é necessariamente a melhor para todos os estudantes. Há pelo menos três bancos que conseguem ter taxas de juro mais competitivas, segundo apurou o DN. Se precisar de recorrer a empréstimos, vale a pena comparar a oferta.

O Governo anunciou o tão esperado sistema de empréstimos a universitários, colocando a tónica na ausência de fiador e de outras garantias e na existência de taxas de juro mais reduzidas.

O DN apurou, no entanto, que a Caixa Geral de Depósitos (CGD), líder de mercado no segmento, o BPI e o Santander Totta conseguem negociar taxas mais baixas do que as previstas pelo Governo. Esta taxa de juro é calculada através da soma da taxa dos swaps, com um valor diferente consoante o prazo do empréstimo. Um exemplo: se um estudante contratar um crédito a dois anos, pode pedir 1o mil euros, no máximo. A taxa de juro a aplicar resultaria da soma da taxa dos swap a dois anos, que ontem era 4,534, com o spread de 1,35 (no máximo), ou seja, 5,884%.

No entanto, a CGD conseguiria uma taxa de 4,947%, somando o valor da euribor a um mês (4,447%) com um spread reduzido de 0,5 pontos. A esta vantagem junta-se o prazo de carência alargado (até sete anos), o facto de o spread poder baixar a 0,25 com médias superiores a 14 e a possibilidade de pedir empréstimos até 50 mil euros.

O BPI tem financiamentos até 30 mil euros em Portugal e 60 mil no estrangeiro, pedindo uma taxa fixa a partir de 5,3%. O prazo e a mensalidade (de um a dez anos) podem ser negociados, bem como o período de carência, total ou parcial, até 50 meses. Se o estudante quiser, pode amortizar a dívida sem penalizações.

O Santander Totta tem uma oferta competitiva para alunos com mais de 14 valores, com uma taxa fixa de 5,45%. A proposta do Governo (5,592) fica sempre acima, mesmo com o swap mais baixo (4,512) e o spread bonificado de 1,08%.

Confrontado com estas ofertas, o secretário de Estado do Ensino Superior, Manuel Heitor, disse que "as taxas de juro não podem ser comparáveis entre sistemas com e sem fiador e que a ausência deste é a grande novidade do sistema".

Em relação ao facto de a apresentação de garantias ou fiadores não ser difícil para muitos estudantes, o secretário de Estado apontou que "é preciso garantir que os estudantes que não as tenham obtenham um crédito". Quanto às taxas, admitiu que "vão baixar", com a concorrência entre bancos, a actual negociação e "a entrada de cada vez mais estudantes neste sistema". De resto, lembra que o sistema depende de análise de risco e que se baseia, por isso, num spread máximo.

Outros bancos apresentaram propostas menos competitivas. O BES, por exemplo, indexa a taxa à euribor a 12 meses (agora em 4,78%) e junta um spread de 3% (7,78%); o Millennium BCP soma 3% à euribor a seis meses (4,757%), conseguindo uma taxa de 7,757. Com garantias, o Banif tem uma taxa de 6,921 (2,5% de spread e euribor a três meses).

domingo, agosto 19, 2007

Open letter to the Generalbundesanwaltschaft

Open letter to the Generalbundesanwaltschaft against the criminalization of critical academic research and political engagement

On 31st July 2007 the flats and workplaces of Dr. Andrej Holm and Dr. Matthias B., as well as of two other persons, were searched by the police. Dr. Andrej Holm was arrested, flown by helicopter to the German Federal Court in Karlsruhe and brought before the custodial judge. Since then he has been held in pretrial confinement in a Berlin jail. All four people have been charged with “membership in a terrorist association according to § 129a StGB” (German Penal Code, section 7 on ‘Crimes against Public Order’). They are alleged to be members of a so-called ‘militante gruppe’ (mg). The text of the search warrant revealed that preliminary proceedings against these four people have been going on since September 2006 and that the four had since been under constant surveillance.

A few hours before the house searches, Florian L., Oliver R. und Axel H. were arrested in the Brandenburg region and accused of attempted arson on four vehicles of the German Federal Army. Andrej Holm is alleged to have met one of these three persons on two occasions in the first half of 2007 in supposedly “conspiratorial circumstances”.

The Federal Prosecutor (Bundesanwaltschaft) therefore assumes that the four above mentioned persons as well as the three individuals arrested in Brandenburg are members of a “militant group,” and is thus investigating all seven on account of suspected “membership in a terrorist association” according to §129a StGB.
According to the arrest warrant against Andrej Holm, the charge made against the above mentioned four individuals is presently justified on the following grounds, in the order that the federal prosecutor has listed them:

  • Dr. Matthias B. is alleged to have used, in his academic publications, “phrases and key words” which are also used by the ‘militante gruppe’;
  • As political scientist holding a PhD, Matthias B. is seen to be intellectually capable to “author the sophisticated texts of the ‘militante gruppe’ (mg)”. Additionally, “as employee in a research institute he has access to libraries which he can use inconspicuously in order to do the research necessary to the drafting of texts of the ‘militante gruppe’”;
  • Another accused individual is said to have met with suspects in a conspiratorial manner: “meetings were regularly arranged without, however, mentioning place, time and content of the meetings”; furthermore, he is said to have been active in the “extreme left-wing scene”;
  • In the case of a third accused individual, an address book was found which included the names and addresses of the other three accused;
  • Dr. Andrej H., who works as urban sociologist, is claimed to have close contacts with all three individuals who have been charged but still remain free;
  • Dr. Andrej H. is alleged to have been active in the “resistance mounted by the extreme left-wing scene against the World Economic Summit of 2007 in Heiligendamm”;
  • The fact that he – allegedly intentionally -- did not take his mobile phone with him to a meeting is considered as “conspiratorial behavior”.

Andrej H., as well as Florian L., Oliver R. und Axel H., are detained since 1st August 2007 in Berlin-Moabit under very strict conditions: they are locked in solitary confinement 23 hours a day and are allowed only one hour of courtyard walk. Visits are limited to a total of half an hour every two weeks. Contacts, including contacts with lawyers, are allowed only through separation panes, including contact with their lawyers. The mail of the defense is checked.

The charges described in the arrest warrants reveal a construct based on very dubious reasoning by analogy. The reasoning involves four basic hypotheses, none of which the Federal High Court could substantiate with any concrete evidence, but through their combination they are to leave the impression of a “terrorist association”. The social scientists, because of their academic research activity, their intellectual capacities and their access to libraries, are said to be the brains of the alleged “terrorist organization”.

For, according to the Federal prosecutor, an association called “militante gruppe” is said to use the same concepts as the accused social scientists. As evidence for this reasoning, the concept of “gentrification” is named - one of the key research themes of Andrej Holm und Matthias B. in past years, about which they have published internationally. They have not limited their research findings to an ivory tower, but have made their expertise available to citizens’ initiatives and tenants’ organizations. This is how critical social scientists are constructed as intellectual gang leaders.

Since Andrej Holm has friends, relatives and colleagues, they now also are suspect to be “terrorists”, because they know Andrej. Another accused individual was blamed for having the names of Andrej Holm and of two others charged (but not jailed) in his address book. Since the latter are also deemed to be “terrorists” – this is how “guilt by association” is established.

Paragraph § 129a, introduced in Germany in 1976, makes it possible for our colleagues to be criminalized as “terrorists”. This is how, through § 129a, the existence of a “terrorist group” is claimed.

Through these constructs, every academic research activity and political work is presented as potentially criminal – in particular when politically engaged colleagues who intervene in social struggles are concerned. This is how critical research, in particular research linked with political engagement, is turned into ideological ring leadership and “terrorism”.

We demand that the Federal Prosecutor (Bundesanwaltschaft) immediately suspend the § 129a-proceedings against all parties concerned and to release Andrej Holm and the other imprisoned from jail at once. We strongly reject the outrageous accusation that the academic research activities and the political engagement of Andrej Holm are to be viewed as complicity in an alleged “terrorist association”. No arrest warrant can be deduced from the academic research and political work of Andrej Holm. The Federal Prosecutor, through applying Article § 129, is threatening the freedom of research and teaching as well as social-political engagement.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Reitores usam Bolonha para adiar prescrições no Superior

As universidades públicas suspenderam, por dois anos lectivos, a aplicação do regime de prescrições dos alunos que não perfizessem determinado número de créditos num dado espaço de tempo. A prescrição está prevista num decreto-lei de 2003 e teria a sua primeira aplicação no ano lectivo que está agora a terminar. Mas o Processo de Bolonha veio alterar a lógica dos cursos e os reitores estão ainda a afinar as suas regras de aplicação, inviabilizando a aplicação da lei.

A informação foi confirmada ao JN por António Ferrari, vice-reitor da Universidade de Aveiro. "A Comissão Especializada de Educação do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP) ainda vai analisar a forma de aplicar o regime de prescrições. Poderá acontecer logo no início do ano lectivo de 2008-09, limite temporal da transição de Bolonha, ou só em Setembro de 2009. Outra questão a resolver é se, nesse momento, terá ou não efeitos retroactivos em termos de contagem de créditos".

Gago em silêncio

Desde meados de Junho, o JN tinha tentado obter a confirmação desta informação por parte de outros reitores e do próprio CRUP, mas todos se recusaram a comentar a questão em concreto. Há um mês, numa entrevista ao JN, o próprio ministro esquivava-se a uma resposta, dizendo apenas que não era altura para falar do assunto - embora concordasse com o decreto-lei em causa.

Se aplicado com rigor, o diploma colocaria em risco de prescrição cerca de 1400 estudantes só da Universidade de Coimbra, no ano lectivo que agora terminou. Como medida de precaução, o Senado da Universidade de Coimbra tinha já aprovado uma deliberação, na qual era recomendada às faculdades a organização de uma época plena de exames para os estudantes em risco de prescrição em 2006/07, a realizar até ao final do mês de Setembro de 2007, bem como a organização de uma época idêntica no ano lectivo de 2007/08.

Punição de um ano

O decreto-lei 193, de 2003, assinado pelo primeiro-ministro Durão Barroso, determinava que as disposições do diploma entrassem em vigor no ano seguinte, isto é, 2004/05. O terceiro ano de inscrição, 2006/07, era o período em que os primeiros problemas poderiam surgir.

Para os alunos que, por exemplo, não tivessem completado pelo menos 60 unidades de crédito (ECTS), a punição era não poderem inscrever-se durante dois semestres, reingressando mais tarde sem sujeição a qualquer limite de vagas no curso.

Para a instituição, o problema era que os alunos prescritos não eram financiados pelo Estado naquele período de paragem. Cada instituição teve a liberdade de instituir o seu próprio regime de prescrições, mas aquele nunca poderia ser mais facilitador do que o decreto-lei 193.

Já a Universidade do Porto (UP) diz-se tranquila, uma vez que nenhum dos seus alunos corria o risco de prescrição em 2006/07. "As universidades devem actuar no sentido de prevenir estes casos extremos de insucesso", afirma José Marques dos Santos, reitor da UP.