Jovens não recorrerem aos bancos por medo de não conseguirem emprego.
Mais de cinco mil alunos universitários pediram empréstimos à banca para pagar os estudos, ao abrigo do programa criado pelo Ministério do Ensino Superior destinado a complementar os apoios da Acção Social, indicou fonte oficial.
"Até Dezembro de 2008 tinham sido concedidos cerca de 5500 empréstimos pelo sistema bancário ao abrigo do Sistema de Empréstimos a Estudantes do Ensino Superior com Garantia Mútua", segundo fonte do gabinete de imprensa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES).
Em 2008, primeiro ano lectivo de funcionamento do programa, foram concedidos cerca de 3150 empréstimos entre Janeiro e Julho. O gabinete de imprensa do MCTES explicou, em comunicado, que o "sistema complementa os apoios directos do Estado através da Acção Social Escolar no Ensino Superior, o qual abrange cerca de 72 mil estudantes, visando a promoção do acesso ao Ensino Superior e melhorando as condições de frequência e conclusão dos cursos superiores".
No entanto, esta é uma opção contestada pelos presidentes das associações de estudantes contactados pela Agência Lusa, que lamentam que "a Acção Social esteja a ser substituída por entidades bancárias". Os dirigentes das associações de estudantes dizem que a crise que se sente no país também se reflecte nas dificuldades dos alunos em pagar as contas.
"Nota-se um aumento de pedidos de aconselhamento por dificuldades em pagar os estudos", disse à Lusa Gonçalo Assis, presidente da Associação de Estudantes da Universidade de Lisboa. Também à Associação Académica de Coimbra (AAC) chegam todas as semanas pessoas a pedirem ajuda. "Mas os contactos não são no sentido de recorrer a estes empréstimos", garantiu o presidente da AAC, Jorge Serrote.
"Pedir um empréstimo acarreta riscos e há o medo de não se ser capaz de liquidar as dívidas à banca, ainda por cima tendo em conta a situação actual do país", explicou Gonçalo Assis. Uma opinião que é partilhada pelos colegas Filipe Almeida, presidente da Federação Académica do Porto, e Luís Coelho, da Universidade da Beira Interior. "Os estudantes pedem um empréstimo bancário, mas depois como é que pagam o empréstimo se quando acabam o curso não têm trabalho?", questionou Luís Coelho.
Os empréstimos são disponibilizados através do Banco BPI (BPI), Banco Comercial Português (Millennium BCP), Banco Espírito Santo (BES), Banco Santander-Totta, Caixa Geral de Depósitos, Montepio, Grupo Banco Internacional do Funchal (BANIF), incluindo o Banco Comercial dos Açores, e Grupo Crédito Agrícola.