O líder do PCP/Açores defendeu que a implementação do Processo de Bolonha nas Universidades é uma forma de "mercantilizar o Ensino Superior", o que poderá ter consequências na sobrevivência da academia do arquipélago."O que se pretende (com [o processo de] Bolonha) é a desresponsabilização dos Estados ao nível do financiamento do Ensino Superior", afirmou Aníbal Pires à agência Lusa, à saída de uma reunião com a Associação Académica da Universidade dos Açores, em Ponta Delgada.
O Processo de Bolonha é um modelo de organização do Ensino Superior destinado a harmonizar os graus e diplomas atribuídos em toda a Europa.
Segundo o dirigente partidário, este Processo [de Bolonha] vai acentuar o fosso entre Universidades, criando academias de referência ao nível europeu, e dificultar a sobrevivência de instituições de Ensino Superior periféricas, como é o caso da açoriana.
Aníbal Pires referiu também que, para muitos alunos e pais, a redução das licenciaturas de cinco para três anos significa uma [imediata] diminuição de custos, mas mais tarde os estudantes terão necessidade de complementar a [sua] formação com os segundo e terceiro ciclos, que correspondem ao mestrado e ao doutoramento.
Salientando que o objectivo positivo de uniformizar o Ensino Superior no espaço europeu está a ser desvirtuado, o líder do PCP/Açores salientou que as Universidades mais periféricas têm, por isso, de apostar na excelência.
Será necessário apostar na criação de cursos de excelência e na investigação para fazer frente à competição europeia, alegou Aníbal Pires, apontando os exemplos do cursos de Biologia Marinha e a investigação produzida pelo Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores.
O dirigente comunista criticou também o facto das Universidades portuguesas terem debatido e reflectido pouco sobre [o processo de] Bolonha, assegurando que estas [Universidades] se "demitiram de algumas competências", deixando que fosse o Estado a regular todo o processo [de Bolonha].
O líder do PCP/Açores, que se reuniu também com o reitor da Universidade dos Açores [Avelino Meneses], considerou a redução do financiamento público como sendo um dos maiores problemas da instituição açoriana.
Segundo disse [Aníbal Pires, líder do PCP/Açores], o Governo da República continua a esquecer-se do contexto e dos custos inerentes à tripolaridade da Universidade [dos Açores], que está dividida pelas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial.
"A tripolaridade da Universidade dos Açores tem vantagens no desenvolvimento harmónico da região [autónoma], mas acarreta custos que têm de ser assumidos pelo Estado", afirmou o dirigente comunista, lembrando que a criação da academia nas ilhas permitiu que um maior número de açorianos acedessem ao Ensino Superior.
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