sábado, dezembro 09, 2006

Programa Erasmus vai pagar 200 euros por mês

Envolveu já mais de 1,5 milhões de estudantes em toda a Europa (o que corresponde a 1% da população universitária europeia), estabeleceu corredores de mobilidade entre os países, mexeu com as inflexibilidades e o imobilismo das universidades - nomeadamente a nível curricular - e por isso serviu de rampa de lançamento à Declaração de Bolonha, que hoje harmoniza currículos e créditos das universidades de 45 países europeus. O Erasmus ganhou uma dimensão cultural e social, com impacto nas famílias, instituições e comunidades, que vai muito além do seus objectivos académicos.

Foi aquele currículo vencedor em toda linha que a Comissão Europeia quis sublinhar esta semana, em Bruxelas, ao lançar as celebrações dos 20 anos do programa Erasmus, que se assinalam em 2007 (durante a presidência portuguesa da União Europeia, no segundo semestre).

Com as linhas de acção e respectivos financiamentos já aprovados e definidos, fica também a certeza de que nos próximos anos, o programa será reforçado. De mil milhões de euros nos últimos seis anos, o Erasmus passa a ter o triplo da verba para o período 2007-2013.

Já a partir de 2007, o mínimo de 140 euros por mês, que cada estudante Erasmus tem recebido até agora, deverá passar para 200 euros, de acordo com a expectativa do comissário europeu para a Educação e Cultura, Jan Figel.

Duplicar o número de estudantes Erasmus - de 1,5 milhões agora, para um total de 3 milhões no final de 2012 - é outra das metas assumidas pela Comissão.

A Comissão Europeia vai procurar fazer em seis anos o que se fez em 19. Quanto a aumentar significativamente a verba atribuída a cada estudante, e transformá-la numa verdadeira bolsa por exemplo, ou reforçar o apoio em países onde as dificuldades familiares para suportar este tipo de mobilidade dos jovens são maiores, nada feito. Esse "não é o espírito deste programa", sublinha Jan Figel. Mas mais verbas são certamente bem vindas, concorda, razão porque considera importante que o Erasmus seja "financeiramente reforçado em cada um dos Estados-membros com verbas nacionais, regionais, locais, ou mesmo usando fundos estruturais" se for caso disso.

Neste ponto, um bom exemplo apontado em Bruxelas é o da Espanha, que decidiu apostar a sério neste programa, reforçando a verba europeia com financiamento nacional, em cerca de 800%, o que já está a dar frutos. Além de ser um dos três principais destinos procurados pelos estudantes europeus do programa Erasmus (França e Alemanha são os outros mais populares), os universitários espanhóis estão também no topo da lista dos que mais utilizam este programa de mobilidade entre universidades.

Quanto ao impacto cultural e social do programa, o presidente da Comissão, Durão Barroso, considerou-o "um excelente exemplo do que uma acção europeia coordenada no campo da educação pode fazer" pela própria Europa.

Estudos europeus sobre casamentos e famílias gerados nesta mobilidade Erasmus é que ainda não há. Questionado acerca disso, Durão Barroso sorriu e disse ter "conhecimento empírico de alguns casos". Números certos, talvez um dia destes, no Eurostats.

Notícia de Filomena Naves que viajou a convite da Comissão Europeia.

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