domingo, janeiro 14, 2007

Na Alemanha: alugam-se manifestantes por 30€

Uma empresa na Alemanha está a alugar manifestantes, a favor ou contra uma determinada causa, e o negócio «vai de vento em popa», segundo os proprietários da Erento, que decidiu apostar neste novo nicho de mercado.

A Caixa Federal dos Médicos Alemães (KBV), por exemplo, já recorreu aos serviços da Erento para promover uma manifestação de 170 pessoas em Berlim, com batas brancas e tudo, contra os projectos de reforma da saúde pública do Governo, pouco antes do Natal.

Por 30 euros por cabeça - dos quais sai uma comissão de 4,9 por cento para a empresa -, os «médicos» manifestaram-se durante cerca de três horas, empunhando cartazes contra o Governo, diante do Reichstag, a sede do Parlamento alemão.

A KBV admitiu que contratou as pessoas à Erento, mas diz que o evento foi «uma campanha de publicidade», e não uma manifestação.

«Nunca alugaríamos manifestantes para representarem junto da comunicação social os nossos direitos», afirmou Roland Stahl, porta-voz da KBV.

Quem for ao site da Erento na internet pode alugar cozinheiros, tradutores ou secretárias, e mais recentemente também pode escolher entre os cerca de 300 «manifestantes» disponíveis que ali se apresentam com fotos e biografias.

Na maioria dos casos, os manifestantes de aluguer são estudantes que querem melhorar o seu magro orçamento, ou reformados que dispõem de muito tempo livre.

Segundo Till Bonow, da Erento, só na primeira semana de Janeiro houve cerca de 50 solicitações ou pedidos de informações para alugar manifestantes, e negócio «vai de vento em popa».

Na maioria dos casos, os interessados são agências de publicidade, que parecem estar a descobrir também que o aluguer de manifestantes pode ser um novo mercado.

«Todo o tipo de manifestações pode ser alugado, até por partidos de extrema-direita, mas serão sempre os candidatos a decidir se querem participar ou não», explicou o mesmo responsável.

«Não nos compete a nós avaliar moralmente as manifestações, somos apenas o portal intermediário», disse Bonow.

A explicação linear pode não ser suficiente, no entanto, para justificar as actividades da Erento, que o constitucionalista Christoph Degenhart, da Universidade de Leipzig, considera «nos limites da decência».

Para o mesmo jurista, o aluguer de pessoas para protestos «viola o direito de reunião e de manifestação, que não deve tornar-se uma questão financeira».

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