Dentre os elementos em que se pode considerar alguma integração no MercoSul, o principal é a Educação. Se na economia e na política encontramos obstáculos significativos, na Educação as propostas têm se multiplicado. Até porque, fruto de nossa herança de desigualdades, temos problemas semelhantes que muitas vezes pedem soluções em conjunto. Como é possível avançar em acordos diplomáticos e comerciais se não conhecemos a cultura dos nossos vizinhos, ou mesmo sua história - que faz parte da nossa?
Nesse sentido, os países têm se entendido com alguma tranquilidade. No Ensino Superior, por exemplo, existem propostas concretas em andamento. Estas, nascidas do chamado MercoSul Educacional, um projecto que visa integrar a academia dos países que integram o bloco e permitir que os estudantes gozem de mobilidade (clique aqui para conhecer as metas estabelecidas para o MercoSul Educacional).
"A integração na Educação é um factor extremamente positivo e necessário. Temos que pensar que a formação universitária precisa corresponder ao nível de desenvolvimento histórico. Hoje, estamos em uma fase de envolvimento global, mas o Ensino Superior ainda não reflecte plenamente este movimento", afirma Theotónio dos Santos, professor da UFF (Universidade Federal Fluminense). "Assim, temos que pensar em alunos que comecem o curso em um país e terminem em outro. E isso exigirá uma interacção grande nas universidades."
De fora, o projecto pode se assemelhar ao Tratado de Bolonha, que se propõe para a Europa. No entanto, as raízes dos projetos são distintas. Ainda temos que evoluir muito em nossos sistemas para produzir algo semelhante à Bolonha. Não temos na América Latina, por exemplo, sistemas de avaliação do Ensino Superior plenamente estáveis e também não avançamos na democratização do acesso. Na ponta do processo, essas semelhanças e carências reforçam a necessidade de nos aproximarmos intimamente.
"Felizmente, temos avançado bastante na integração da Educação. Por trás das crises, temos conseguido evoluir sensivelmente na integração cultural. Devagar estamos nos unindo na Educação, mais até do que no campo da política", afirma o professor da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso) Pio Penna Filho, que também é pesquisador da UnB (Universidade de Brasília). "Estas são acções concomitantes. Não conseguiremos integração cultural se não houver integração político-económica. E não avançaremos politicamente se não existir o fundamento cultural."
Troca de culturas
Parte deste envolvimento cultural vem, também, de acções já em curso no Ensino Básico. A partir do próximo ano, crianças do Brasil, da Argentina e do Paraguai passarão a estudar com um manual de História regional, para recontar a histórias dos países a partir da perspectiva regional. O livro está sendo escrito por historiadores dos três países.
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Sobre esta temática podem ler-se dois textos anteriores: «"O Futuro das crianças - A Educação no MercoSul: harmonização ou padronização?", artigo de opinião de Sebastião Sardinha» e «Seminário Latino-Americano da Associação Internacional de Reitores de Universidades».
domingo, janeiro 14, 2007
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