Três mil milhões de euros é quanto vale a fortuna da família Espírito Santo, a mais rica de entre os investidores familiares com participações qualificadas em empresas que integram a primeira divisão da Bolsa de Lisboa. Um património que quase permitiria construir o aeroporto da Ota de uma única assentada ou fazer face às despesas do Ministério do Ensino Superior durante perto de dois anos.
Os Espírito Santo lideram o «ranking» das famílias mais ricas do PSI-20 apesar de, na amostra em análise, apenas terem investimentos numa única [empresa] cotada, mais precisamente no banco que ostenta o seu nome. De acordo com os critérios seguidos pelo «Diário de Notícias», foi atribuída ao clã de Ricardo Salgado toda a participação de 42,32% no Banco Espírito Santo (BES) que é imputável à «holding» Espírito Santo Financial Group (ESFG).
A preços de sexta-feira passada, o investimento da família [Espírito Santo] no BES está avaliado em 2,95 mil milhões de euros. Apesar de a participação que lhe é imputável ter diminuído no último ano - no final de 2005 rondava os 50% -, o valor da posição dos Espírito Santo aumentou cerca de um terço desde o final de 2005. Uma valorização que traduz a subida registada pelas acções do banco, que foi mais acentuada desde o aumento de capital da instituição, em Maio do ano passado. Ainda assim, aquele montante não reflecte toda a riqueza de uma das mais tradicionais famílias de empresários de Portugal, uma vez que não inclui os seus investimentos não financeiros, concentrados na Espírito Santo Resources, empresa que não está cotada em Bolsa.
Também a fortuna bolsista da família liderada por Belmiro de Azevedo reflecte apenas parte do património do dono dos hipermercados Continente e dos maiores centros comerciais do país, incluindo o Colombo. O empresário que ousou lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Portugal Telecom (PT) está sentado em cima de 2,2 milhões de euros, graças às participações que a sua «holding» pessoal, a Efanor, possui na Sonae SGPS e na Sonae Indústria.
No espaço de 12 meses, os investimentos bolsistas do homem que, segundo a revista «Exame», é o mais rico de Portugal [Belmiro de Azevedo] cresceram quase 40%. O aumento também reflecte o facto de a área industrial do grupo ter deixado de estar integrada na SGPS. A separação da Sonae Indústria revelou-se proveitosa para o empresário que construiu a sua fortuna nos últimos 30 anos, já que o mercado valorizou a autonomização das duas empresas.
No pódio das famílias mais ricas da "Liga de Honra" da Euronext Lisboa, a medalha de bronze também é atribuída a um dos clãs com tradições no sector empresarial português que remontam a antes do 25 de Abril. Pouco mais de dois mil milhões de euros é quanto vale actualmente a participação de controlo na Brisa e os 3% que a família José de Mello possui no Banco Comercial Português (BCP). Em 12 meses, o património cotado do clã [Mello] aumentou quase 30%. Por contabilizar ficam os seus investimentos na área da saúde e no sector industrial, que recuperou depois da Revolução de Abril lhe ter tirado o controlo da CUF e do Banco Totta & Açores.
A grande novidade do «ranking» dos milionários do PSI-20 é a estreia de Américo Amorim. O grande dinamizador do desenvolvimento da Corticeira Amorim, surge como o quarto empresário mais rico, uma vez que, com a entrada da Galp na Bolsa, passou a ter uma fortuna de 1,8 mil milhões de euros no mercado de capitais português.
Para esta análise, apenas foi considerada a posição que o empresário, que ajudou a fundar o Banco Português de Investimento e o Banco Comercial Português, tem na petrolífera, e que é detida através da Amorim Energia, cujo controlo de gestão pertence a Américo Amorim, apesar de a maioria do capital pertencer à angolana Sonangol. De fora ficaram as suas participações em empresas cotadas que não integram o PSI-20, como a Corticeira ou o espanhol Banco Popular.
Além das quatro maiores fortunas, há ainda duas famílias com fortunas bolsistas de mais de mil milhões de euros. As participações das famílias Teixeira Duarte - que controla a Cimpor e é accionista de referência do BCP - e Soares dos Santos (dona do grupo alimentar e de distribuição Jerónimo Martins) valem 1,4 e 1,2 mil milhões de euros, respectivamente.
Outra das estreias no grupo das maiores fortunas cotadas cabe à família Rocha dos Santos, que através da «holding» Ongoing Strategy Investments, liderada por Nuno Vasconcellos, comprou mais de 2% da PT (no valor de 223 milhões) já depois da OPA da SonaeCom. Com patrimónios representados no PSI-20 e que estejam avaliados em mais de 150 milhões de euros o «ranking» integra ainda o dono da Impresa, Francisco Pinto Balsemão, e o presidente da Cofina e da Altri, Paulo Fernandes.
quinta-feira, janeiro 11, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário