segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Quando os €uro$ não pagam as €xp€ctativa$...

Marco, Paula, Margarida, Inês e Bruno não constam do número de licenciados inscritos nos Centros de Emprego. Eram 42 mil em 2005. Marco, Paula, Margarida, Inês e Bruno têm entre 23 e 30 anos, têm uma licenciatura, têm um emprego, mas nenhum dos cinco exerce a função para a qual recebeu formação. Rima. Rima também com frustração e uma lista de sacrifícios para que ao fim do mês sobre alguma coisa e não falte estímulo para continuar à procura de um lugar compatível e que alguns, apesar de tudo, acham que o mercado ainda tem para lhes dar.

Escusado será dizer que, dos cinco, nenhum tem é independência. Essa não se compra com 300, 400, 500 ou mesmo 600 euros, sobretudo quando se vive em Lisboa e se quer comprar casa e carro. Nenhum conseguiu [a sua independência]. Apesar do curso [do Ensino] Superior, o tal canudo que, como refere Inês, "os governantes e os pais" lhes vendem como garante de um futuro mais digno.

Marco, Paula, Margarida, Inês e Bruno são uma pequena amostra num imenso universo que falta quantificar. Sentem-se rejeitados por um mercado que não os aceita como trabalhadores, mas que os aliciou com o "eldorado" que poderia representar uma licenciatura. Licenciaram-se e agora trabalham como caixa em supermercado, vendem material de escritório, desgravam entrevistas que outros fazem, trocam o dinheiro que outros têm. Houve quem no meio de tudo isso, desta lengalenga que é o entra e sai em trabalhos precários, descobrisse outros gostos, outras motivações, mas as habilitações continuam a ser a mais para o menos que levam para casa ao fim do mês.

Marco, Paula, Margarida, Inês e Bruno são um retrato. Pessoal. Irrepetível por si. Mas têm reflectidas neles as frustrações de outros.
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Deve-se também ainda ler um outro nosso anterior texto sobre esta mesma temática: «Geração desenrasca[-se] com apenas mil euros».

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