terça-feira, dezembro 19, 2006

100 docentes e 60 funcionári@s podem ser despedid@s da Universidade do Minho em 2007

Até Setembro de 2007, cem professores e 60 funcionárioS poderão ser despedidos da Universidade do Minho (UM), o que representa um corte de 20% nos quadros de pessoal da instituição. O anúncio terá sido feito pelo reitor Guimarães Rodrigues na última reunião da Assembleia. Ontem, o Departamento do Ensino Superior do Sindicato dos Professores do Norte (SPN) reagiu em comunicado, considerando a decisão "inaceitável".

De acordo com o SPN, as razões apresentadas pelo reitor para justificar esta medida terão sido o "decréscimo do número de alunos e as restrições orçamentais". No comunicado ontem divulgado, aquela estrutura sindical defende que, "infelizmente, o senhor reitor não facultou os números em que se baseou para afirmar que existe um excesso de docentes e funcionários na ordem dos 20%".

O motivo, refere o SPN, prende-se com o facto de "os dados que a própria UM [Universidade do Minho] envia para o Observatório da Ciência e Ensino Superior não sustentarem essa tese".

O «Diário de Notícias» procurou ouvir o reitor da Universidade do Minho sobre esta matéria, mas Guimarães Rodrigues não esteve disponível, por se encontrar numa reunião. Contudo, através do Gabinete de Comunicação, Informação e Imagem da Reitoria da Universidade, o reitor asseverou que não fez qualquer ameaça de despedimentos na Assembleia, tal como é referenciada pelo sindicato.

"Tal como sempre sucede, fez-se um balanço do ano que agora está a terminar e traçaram-se algumas expectativas para o futuro", explicou um elemento do gabinete. "Nesse contexto, falou-se das dificuldades que se poderão sentir no próximo ano", sem fazer ameaças de despedimentos, concluiu.

Para o SPN, "as medidas propostas, para além de injustificáveis, são também inaceitáveis". Aquela estrutura sindical afiança ainda que este tipo de "medidas tão extremas" não podem nem devem ser tomadas sem que antes se verifique uma "discussão e explicação fundamentada a toda a comunidade académica" e acusa mesmo a universidade de, com esta proposta, surgir "como um parceiro diligente e zeloso" do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, tutelado por Mariano Gago.

Segundo o SPN, a Universidade do Minho, que actualmente funciona com pólos nas cidades de Braga e de Guimarães, tem preenchidos cerca de metade dos seus lugares de quadros de professores (51%). Um valor que se situa ainda bastante da média das instituições de ensino superior a nível nacional, que ronda os 66%.

Para debater estas e outras questões, o sindicato anunciou que pretende convocar, logo no início do mês de Janeiro, uma reunião aberta a todos os docentes daquela Universidade.

3 comentários:

Interstícios disse...

Reitor da Universidade do Minho, Guimarães Rodrigues, já reagiu ao comunicado emitido pelo Departamento do Ensino Superior do Sindicato dos Professores do Norte que dá conta que cem professores e 60 funcionários poderão ser despedidos da Universidade do Minho até Setembro de 2007.
Guimarães Rodrigues diz que o comunicado lançado pelo Sindicato dos Professores do Norte contém afirmações falsas e pretende confundir.O reitor argumenta que a Universidade é autónoma, assim como os seus órgãos de Governo e Gestão, logo compete a estes órgãos conduzir a Universidade, no respeito pela Lei e no melhor interesse da Universidade. A gestão das Universidades é uma gestão democrática e, como tal, não ameaça, afirma ainda Guimarães Rodrigues, em comunicado.O reitor da Universidade do Minho diz lamentar que o Sindicato dos Professores do Norte, como representante do interesse dos docentes do ensino superior, procure a via fácil e demagógica, desviando a atenção de questões fundamentais para as quais parece encontrar alguma dificuldade de solução. Guimarães Rodrigues garante ainda que a Universidade mantém a abertura e interesse sobre as propostas e sugestões que o Sindicato dos Professores do Norte entenda úteis.

http://www.rum.pt/index.php?option=com_conteudo&task=full_item§ion=4&item=1938

Nelson Fraga disse...

SPN/FENPROF SUPERIOR: Reitor da Universidade do Minho ameaça com vaga de despedimentos para 2007

O Reitor da Universidade do Minho anunciou, na Assembleia da Universidade de 11 de Dezembro, que até Setembro de 2007 serão colocados fora da instituição 100 docentes e cerca de 60 funcionários, alegando o decréscimo do número de alunos e as restrições orçamentais.

Infelizmente o Sr. Reitor não facultou os números em que se baseou para afirmar que existe um excesso de docentes e funcionários na ordem dos 20%
, porque os dados que a própria UM envia para o Observatório da Ciência e Ensino Superior não sustentam essa tese.

Perante estas intenções cabe perguntar ao Sr. Reitor o seguinte:

· Face às restrições orçamentais, impostas pelo MCTES, possivelmente invocadas para a justificação das medidas agora propostas, já tomou o Sr. Reitor alguma posição pública perante a tutela? Caso exista, de facto não é conhecida!

· Qual acha o Senhor Reitor que deve ser a sua missão: servir de correia de transmissão das directivas do MCTES ou defender a instituição e a sua autonomia?

Entende o Sindicato dos Professores do Norte [SPN/FENPROF] que as medidas propostas, para além de injustificáveis, são também inaceitáveis. Numa gestão democrática, medidas tão extremas nunca poderão nem deverão ser tomadas sem a sua discussão e explicação fundamentada a toda a comunidade académica.

Acresce que estas medidas são propostas para a UM, uma universidade que apenas tem preenchida metade dos seus lugares do quadro de professores (51%), estando claramente abaixo da média nacional (66%), valor por si manifestamente insuficiente.

Promover a diversidade e o combate á endogamia faz-se promovendo a abertura de concursos, com publicitação a nível nacional. Os lugares vagos não são postos a concurso com a justificação do aumento dos encargos salariais. Mas assim, como poderá a Universidade estar aberta a outras visões?

Tem sido colocado na agenda mediática para o ensino superior a necessidade de haver uma "liderança forte". Nós, SPN, queremos dizer com toda a clareza que essa "liderança forte" não é, por certo, despedir muito ou ser muito rápido a despedir. Não parece ser esse o entendimento do Sr. Reitor da UM.

Liderar é saber construir uma estratégia de desenvolvimento, é saber responder aos desafios que se colocam a uma instituição em cada momento, é saber envolver a instituição e as pessoas que a corporizam nesse projecto que é sempre condicionado pela envolvente externa.

"Liderança forte" consiste por certo em afirmar a instituição no exterior e nunca claudicar, neste caso, claudicar a 20%.

Com este pretenso anúncio, que mais não é do que preparar a Universidade para os despedimentos que a Reitoria concebeu, a UM parece querer aparecer como vanguarda do desenvolvimento da política neoliberal que o MCTES está impondo ao Ensino Superior, nomeadamente através da redução cega do orçamento de Estado para o sector. Objectivamente, com esta proposta a UM surge como um parceiro diligente e zeloso do próprio MCTES.

Observa-se que, na reunião com a FENPROF, de 31 de Julho de 2006, o próprio Ministro manifestou surpresa perante o despedimento de mais de 20 docentes da UM que então estava em curso, referindo não ser a UM uma instituição com dificuldades financeiras que o justificassem.

O Sr. Reitor da UM parece esquecer que a UM tem um capital humano de que o país e a região necessitam e que a sua missão é saber envolver e catalisar os seus elementos em novos projectos que potenciem a afirmação da Universidade.

É necessário contrariar esta visão redutora do Ensino Superior, de modo a não ampliar a margem de manobra para a prossecução das políticas lesivas do MCTES.

O SPN apela a que todos os docentes se envolvam na discussão destas medidas nos diferentes órgãos institucionais em que têm assento.

O Sindicato dos Professores do Norte (FENPROF) está atento e compromete-se a convocar uma reunião aberta a todos os docentes da Universidade do Minho no início de Janeiro.

18 de Dezembro de 2006

Pelo Departamento de Ensino Superior
do Sindicato dos Professores do Norte,
Mário Carvalho

Nelson Fraga disse...

O texto do comentário anterior também está disponível no "sítio" do Sindicato dos Professores do Norte.