quarta-feira, dezembro 13, 2006

«O futuro da Universidade», por João Carlos Espada

Oxford e Cambridge são as duas únicas Universidades europeias que ainda aparecem entre as vinte melhores Universidades do mundo.
No passado dia 14 de Novembro, a Universidade de Oxford reuniu o seu órgão máximo - a chamada «Congregation», uma espécie de Parlamento com 3773 membros. Escrevendo no ‘Guardian’ do dia seguinte, Timothy Garton Ash observou que o que estava em causa era saber se a Europa terá alguma Universidade de primeira classe dentro de vinte anos.

À primeira vista, o tema da reunião era mais modesto. Tratava-se de discutir uma proposta de reestruturação apresentada pelo «Vice Chancellor», o reformador neozelandês John Hood. A proposta visava substituir o actual «University Council», inteiramente constituído por académicos, por dois corpos separados: um para assuntos académicos, outro para assuntos financeiros, tendo este uma pequena maioria de membros não académicos exteriores à Universidade.

A proposta foi recusada e poderá ser agora submetida a voto postal.
Mas o que verdadeiramente está em causa, como Tim Garton Ash observou, apoiando a proposta derrotada, é muito mais do que uma reforma organizativa.

Oxford e Cambridge são as duas únicas Universidades europeias que ainda aparecem entre as vinte melhores Universidades do mundo. Das restantes, 17 são americanas, e a outra é a Universidade de Tóquio. Em grande parte, isto deve-se à asfixiante dependência do Estado em que vivem as Universidades europeias, com Oxford e Cambridge a meio caminho entre o estatismo do continente europeu e o sistema livre norte-americano.

Os EUA gastam 2,6% do PIB no Ensino Universitário, 1,4% de origem privada e 1,2% do Estado. Em Inglaterra, tal como em França ou na Alemanha, a percentagem total (basicamente de dinheiros públicos) é menor do que as contribuições privadas americanas: 1,1% do PIB.

N[os Estados Unidos d]a América, as propinas são livres, enquanto na Europa são fixadas pelo Estado. A propina média de uma Universidade de topo americana é cinco vezes a de Oxford: esta perde na educação de cada aluno cerca de 5 mil libras por ano. Em contrapartida, os EUA têm maior proporção de estudantes universitários do que a Europa: os alunos que não podem pagar propinas recebem bolsas, muitas vezes das próprias Universidades. Isto é possível porque as Universidades americanas têm activos programas de recolha de fundos: 45% dos antigos alunos de Harvard e 61% de Princeton oferecem donativos, contra apenas 10% em Oxford e zero por cento na Europa. Resultado: o «endowment» da Universidade de Harvard, por exemplo, é de cerca de 14 mil milhões de libras, contra 3 mil milhões em Oxford. Na Europa, as Universidades são, com honrosas excepções, simples repartições públicas e desconhecem o que seja um «endowment».
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Anteriormente já havíamos tido opiniões no mesmo estilo [neo-liberal] desta publicada no «Expresso» desta semana e da autoria de sua "eminência" João Carlos Espada [membro do Conselho Científico da Universidade Católica Portuguesa, onde é professor e investigador no Instituto de Estudos Políticos do qual é Director, sendo ainda consultor do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, na Assessoria para os Assuntos Políticos], mas essas (outras) opiniões (neo-liberais) [também publicadas no «Expresso»] eram provindas de uns outros "rapazotes" também arvorados em grandes investigadores académicos e tremendos "opinion-makers" neo-liberais "tugas"; [o seu resumo] também deve ser lido (sem falta)!!!

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